2.5
CONCLUSÕES

Deste capítulo eminentemente teórico podemos tirar algumas conclusões principais, traduzidas em duas recomendações para implementação nas empresas:

  • necessidade de incentivar trabalhos de equipa e competências para trabalho de equipa (requerendo o desenvolvimento de interacções eficientes nas relações internas e externas, baseado no conhecimento mútuo e adaptação de expectativas e entregas);

  • necessidade de criar uma estrutura interna dedicada à inovação.

A importância evidente de trabalhos de equipa decorre do facto de termos adoptado um modelo de inovação encadeado e constatado a importância de gerir de uma forma integrada trabalhos de inovação nas suas diversas vertentes, englobando as relações internas e externas relevantes.
No entanto, executar na prática uma metodologia tão abrangente obriga a uma concretização caso a caso, adequada às necessidades específicas, pois de outro modo os trabalhos de inovação tornar-se-iam incomportáveis. O ideal seria definir para cada projecto o sistema de inovação em que conceptualmente aquele se irá desenvolver (isto é, visualizar todos os factores relevantes e suas interacções). Esta tarefa exige competências específicas e experiência, mas deve ser efectuada pela própria empresa, o que nos conduz à necessidade de criar uma estrutura interna dedicada à gestão da inovação, que seja um verdadeiro motor da auto-aprendizagem da empresa e da gestão da informação e conhecimento.
Numa empresa bem organizada, poderá existir uma vantagem clara em associar numa única estrutura a gestão da qualidade e da inovação, desde que dotada das diferentes valências necessárias a ambas as tarefas. A gestão da qualidade envolve normalmente sistemas repetitivos de conformidade (por exemplo, as séries ISO 9000). A inovação implica mudar esquemas estabelecidos, pelo que é possível ocorrer um conflito latente entre qualidade (conformidade) e inovação. No entanto, não faz sentido numa empresa moderna conceber estas duas vertentes em separado. Em princípio, pode-se produzir com qualidade garantida sem qualquer inovação e pode-se inovar sem qualquer preocupação de garantia de qualidade (conformidade); no entanto, estando ambas associadas à produção orientada para o cliente e para maior valor acrescentado, qualquer destas abordagens é na prática desaconselhável. Qualidade (conformidade) e inovação não são duas faces da mesma moeda, são dois elementos com algumas características antagónicas, mas que não devem existir um sem o outro. Note-se também a semelhança de metodologias que existe: importância de criação de equipas, envolvimento de todos os níveis da empresa, necessidade de comunicação clara e objectiva, optimização das interacções da empresa com o exterior.

© Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999
Edição e Produção Editorial: Principia.    Execução Técnica: Cast, Lda.