Genericamente, sem sermos exaustivos na enumeração de possibilidades, é importante considerar as seguintes fontes de ideias:
· Os quadros da empresa. São uma das fontes de ideias essenciais para garantir uma gestão eficiente de inovação. As ideias provenientes dos quadros técnicos podem ser extremamente importantes para melhorias incrementais nos processos e sua adaptação a um funcionamento mais eficiente, tendo em conta a realidade do trabalho quotidiano da empresa.
· Os clientes. Muitas empresas não vendem os seus produtos (bens ou serviços) directamente aos consumidores/utilizadores finais, mas a outras empresas que os utilizam nos seus processos, ou que organizam a distribuição e venda. Por definição, esses clientes estão mais próximos do utilizador final e têm ideias variadas, por vezes incrementais e concretas, por vezes completamente revolucionárias. As reclamações dos clientes são também uma importante fonte de ideias, dado que em alguns casos a sua resolução pode implicar um melhoramento significativo do processo ou produto.
· Os consumidores. Em última análise, uma fileira industrial é sustentada pelos consumidores/utilizadores finais, que frequentemente estabelecem uma relação directa com a empresa produtora, circundando a distribuição. Esta relação é potenciadora de diversas ideias, geradas a partir de reclamações, de sugestões, de solicitações variadas e de promoções. Em geral, as ideias são abstractas e subjectivas. As empresas mais interessadas nestas relações dispõem de gabinetes de relações públicas para gerir estes contactos.
· Os fornecedores. Uma fonte de ideias igualmente importante é constituída pelos fornecedores de matérias-primas e subsidiárias, dado que serão especialistas nesses produtos e estimularão a utilização de "novidades" nos seus sectores. Os fornecedores de equipamentos, procurando o seu próprio mercado para os seus novos equipamentos e tecnologias, são também uma importante fonte de contacto para conhecimento de novas ideias envolvendo processos produtivos. Da mesma forma, os fornecedores de serviços e os consultores são uma boa fonte de ideias para novas metodologias de organização do trabalho, gestão da informação, etc. Estas ideias são em geral concretas e objectivas.
· Outros produtos existentes no mercado. Analisando outros produtos, podem-se gerar novas ideias: por combinação de produtos existentes (por exemplo, televisor com vídeo incorporado); pela simulação de um produto natural ou mais caro (tipo "sucedâneo"); ou através de análises comparativas das funções desempenhadas por esses produtos e pelos da empresa. As ideias da concorrência são também um elemento fundamental a analisar regularmente. Estas ideias serão concretas e objectivas, e envolvem essencialmente o desenvolvimento de novos produtos ou melhoramento de existentes, não tendo com frequência impacto nos processos e organização da empresa.
· Produtos de outros mercados. Em Portugal, uma das principais fontes de inovação continua a ser o desenvolvimento de produtos semelhantes a outros bem sucedidos em mercados estrangeiros. Como é óbvio, esta prática diminui o risco, embora diminua também a vantagem diferenciadora e competitiva (sobretudo num cenário de mercados abertos). As feiras internacionais e exposições são um elemento central do conhecimento dessas ideias. Existem também revistas internacionais especializadas onde, quer pelos artigos, quer pela própria publicidade, se obtêm ideias sobre novidades em mercados estrangeiros. Deste tipo de fonte resultam ideias concretas e objectivas, direccionadas para novos produtos, que implicarão eventualmente novas tecnologias e equipamentos.
· Evolução sócio-demográfica. A análise das tendências de evolução sócio-demográfica permite identificar novas ou previsíveis necessidades, novos segmentos de mercado e novos requisitos relativamente a produtos existentes. Em geral, as ideias extraídas são inicialmente vagas e abstractas.
· Estudos de mercado. Um estudo de mercado concreto, promovido por uma única empresa, é uma fonte clara de ideias, mas algo dispendiosa. No entanto, existem estudos gerais promovidos por associações empresariais, organizações públicas nacionais e internacionais, que podem ser consultados facilmente (alguns até gratuitamente). A análise das tendências de mercado a partir de dados estatísticos regulares (como os obtidos pela empresa A.C. Nielssen) permite também reforçar o conhecimento do mercado e perspectivar a sua evolução. Daqui poderão resultar ideias por vezes bem definidas, outras vezes abstractas e genéricas.
· Revistas, congressos, reuniões. O conhecimento de ideias que estão a ser desenvolvidas por pioneiros (universidades, centros de investigação, especialistas) é muito importante para uma empresa se manter actualizada quanto às novidades que vão aparecendo, em termos de novos produtos, novas tecnologias e novos métodos de organização. Consequentemente, seria desejável que as estruturas de inovação das empresas participassem com regularidade em reuniões (congressos, conferências, feiras) consideradas mais relevantes para o sector e que subscrevessem revistas das especialidades importantes para a actividade da empresa. Algumas destas ideias poderão carecer ainda de desenvolvimento prático.
· Reengenharia e análise funcional. Obviamente, o trabalho de diagnóstico e/ou reengenharia de processos referido no
ponto 3.2. é uma fonte de ideias, normalmente integradas e bem direccionadas. O conceito de reengenharia também é aplicável ao desenvolvimento de um projecto de raiz de um (ou mais) produtos, a partir de uma análise funcional. Este assunto será abordado em maior pormenor no
ponto 3.7.
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