3.4
DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO PRODUTO 


OS OBJECTIVOS DO DESENVOLVIMENTO

A fase de desenvolvimento tem como objectivo garantir que a ideia inovadora formulada na fase de definição e que o esboço do Plano de Inovação desenvolvido na fase de design   podem ser realizados na prática de um modo economicamente viável.
Na fase de desenvolvimento não são considerados exclusivamente o desenvolvimento de processos piloto e a produção e teste de protótipos, como igualmente um conjunto alargado de outros elementos que podem integrar o Plano de Inovação (e.g. formação, marketing, distribuição, instalação e teste nas condições do mercado). No final desta fase, os resultados dos testes são incorporados num Plano de Inovação revisto. É com base neste documento que eventuais parceiros ou investidores poderão tomar uma decisão final relativamente ao seu envolvimento.


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.4.1 OENSAIOS 

Apesar da importância do desenvolvimento de planos e da realização de pesquisas e de análises, a base do sucesso da inovação continua a depender da experimentação. Um processo de inovação é por natureza um processo imprevísivel e este factor não é eliminável pela elaboração de planos, por mais completos que sejam.
A realização de ensaios e o teste de protótipos e pilotos é a única forma segura de saber se a ideia realmente funciona e de identificar defeitos e oportunidades de melhoria antes de iniciar a fase de lançamento. É importante nesta fase que os ensaios do produto no mercado sejam efectuados o mais rapidamente possível e que a empresa não fique perdida no meio de planos de inovação demasiado pesados que tornem ineficiente todo o processo de inovação. A realização rápida de pequenos testes é uma forma de encurtar o ciclo de inovação, conseguindo as empresas deste modo estar em menos tempo no mercado, o que é crucial em mercados extremamente competitivos. Esta ideia é ilustrada de forma evidente pelas duas frases seguintes:

"Se está tudo sob controlo é porque não está a ir suficientemente rápido."
Mário Andretti, campeão do Mundo de Fórmula 1.

"Neste negócio (computadores) há dois tipos de pessoas: os rápidos e os mortos."
Michael Dell, Presidente da Dell.

O lançamento em pequena escala, num pequeno mercado, constitui igualmente uma abordagem possível antes da fase de lançamento. Este tipo de estratégia adequa-se a novos produtos que não resultem de alterações profundas de produtos anteriores, mas de pequenas melhorias incrementais de produtos já existentes. O esforço de inovação constante induz necessariamente a uma redução do ciclo de vida dos produtos. As empresas que não consigam reduzir igualmente o seu ciclo de inovação poderão sofrer perdas significativas em termos de vendas pois, ao contrário do passado, existem produtos que em pouco tempo atingem a maturidade. A figura 3.6 ilustra essa situação.

Fig. 3.6 - O ciclo de vida tecnológico. 


3.4.2 A PRODUÇÃO DE  PROTÓTIPOS  E  PILOTOS 

O processo de ensaios depende significativamente da área de negócio da empresa. No entanto, independentemente do tipo de empresa, todas elas poderão testar os seus produtos ou serviços. Assim, empresas que fabricam produtos precisam de desenvolver e testar protótipos, enquanto empresas de serviço precisam de realizar testes dos serviços propostos.
A figura 3.7 apresenta de forma esquemática o diagrama de fluxo do processo de desenvolvimento seguido normalmente na indústria. Na prática, o processo de desenvolvimento poderá ter mais ou menos passos, ser mais simples ou complexo, dependendo da natureza da inovação em questão.
O processo de desenvolvimento envolve geralmente a elaboração de protótipos cada vez mais completos e de testes mais sofisticados. Assim, admitindo o processo de desenvolvimento em três passos, este pode ser descrito do seguinte modo:

  • O primeiro protótipo e os testes internos são efectuados para verificar se a inovação satisfaz os requisitos especificados durante a fase de design da inovação.

  • Com base nos dados dos testes internos, é desenvolvido um segundo protótipo melhorado, com o qual são executados os testes primários externos, em ambiente real mas sobre um número limitado e seleccionado de clientes ou situações. Muitas vezes são seleccionados para este fim elementos da própria empresa ou de empresas com as quais existem relações priveligiadas, como fornecedores, distribuidores ou parceiros. Dado que estes testes são os últimos antes do teste final junto dos potenciais clientes, o protótipo poderá passar por uma série de iterações neste passo.

  • O terceiro protótipo é então sujeito aos testes finais. Normalmente, são levados a cabo com uma amostra dos potenciais clientes, de modo a serem representativos do mercado. Nalguns casos, as empresas optam por efectuar estes testes junto dos principais clientes e daqueles que se encontram mais avançados, pois em geral estas empresas estão receptivas em participar caso compreendam que o uso da inovação, logo numa fase inicial, poderá representar também para elas um factor de competitividade.

Fig. 3.7 - Fase de desenvolvimento normalmente seguida pela indústria no processo de inovação.

Como resultado destes passos, o produto, processo ou serviço é sujeito a um processo interactivo e contínuo que conduz a melhorias incrementais. No final da fase de desenvolvimento, os resultados são incorporados no esboço do Plano de Inovação. Este Plano de Inovação revisto é então sujeito a uma análise final para avaliar a viabilidade do lançamento da inovação no mercado. Nesta análise deverá ser avaliado o  mérito da inovação  a diversos níveis. Adriano Freire (1996) caracteriza esse mérito em quatro níveis:

  • Inventivo - relacionado com a maximização da abolição de restrições básicas e/ou minimização da adição de restrições básicas.

  • Incorporado - relacionado com a maximização do potencial de melhorias de engenharia e/ou minimização de problemas de engenharia.

  • Operacional - relacionado com a maximização da simplificação das práticas de gestão e/ou minimização do aumento da complexidade de gestão.

  • Comercial - relacionado com a maximização da expansão da procura final ou minimização da redução da procura final.

© Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999
Edição e Produção Editorial: Principia.    Execução Técnica: Cast, Lda.