3.4 |
AS
DIFERENÇAS
DE
RECURSOS E O MODELO DE HECKSCHER-OHLIN |
A teoria de Ricardo fundamenta as vantagens do comércio externo nas persistentes diferenças de produtividade do factor trabalho, mas não faz qualquer tentativa para explicar essas diferenças. E é bem evidente que essa perspectiva estava longe de satisfazer os economistas, tanto mais que, contrariamente às mais genuínas predições da teoria, o comércio crescia enormemente entre países com níveis de desenvolvimento próximos, como era o caso dos EUA e de vários países europeus. |
Uma produção de um bem diz-se trabalho intensiva (capital intensiva) relativamente a outro bem se exigir maior (menor) quantidade de trabalho por unidade de capital empregado que a produção desse outro. |
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Neste contexto, a 3ª hipótese pode ser reescrita de uma forma simples, afirmando-se que a produção de vestuário é mais trabalho intensiva que a do pão, tendo ambas
economias de escala constantes. |
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A estas hipóteses HO acrescenta-se pela primeira vez uma outra de um tipo radicalmente ausente nos modelos precedentes - uma hipótese sobre o comportamento da procura: |
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No exemplo que vimos utilizando, a exportação preferencial de Artelândia será Vestuário, porque este é relativamente mais intenso em trabalho - o recurso relativamente mais abundante nesse país. Por razões análogas, Tecnolândia exportará preferencialmente Pão. |
Diz-se que um país está incompletamente especializado numa dada produção se, mesmo com comércio internacional estabelecido, continuar a produzir o bem que importa. | |
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Quais as razões para este tipo de solução? |
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Isto significa que, nas condições do modelo, haverá tendência para que os salários sejam iguais. A ser assim, a actual globalização teria como efeito uma homogeneização dos salários que está longe de se verificar. Em boa verdade, as indicações mais recentes até apontam para um agravamento dos fossos salariais, o que parece pôr em causa o teorema. E, no entanto, uma leitura atenta da realidade actual não deixa de revelar a tendência expressa no teorema, se nos fixarmos nos salários mais baixos, designadamente os recebidos por trabalhadores indiferenciados. Efectivamente, as deslocalizações de produção que se verificam são expressão dessa tendência, aumentando os salários nos países que a recebem e, em princípio, "diminuindo" os salários nos países que "vêem partir" a produção. Essa diminuição só não se concretiza em virtude de alguma rigidez nos salários dos países de partida, sendo muitas vezes "substituída" por desemprego. |
2º - Teorema de Stolper-Samuelson - O comércio livre beneficia o factor abundante e penaliza o factor escasso. |
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No fundo, este teorema, em ligação com o anterior, retoma os efeitos do comércio internacional sobre a repartição do rendimento, evidenciando quem são os ganhadores e os perdedores. Percebe-se, por isso, e retomaremos o problema no próximo capítulo, que haja quem se oponha ao comércio internacional (os perdedores) e quem o favoreça com toda a convicção (os ganhadores). |
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Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999 Edição e Produção Editorial: Principia. Execução Técnica: Cast, Lda. |