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BALANÇA DE PAGAMENTOS |
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Em termos gerais, a
Balança de Pagamentos de um país regista todas as suas transacções económicas e
financeiras com o Resto do Mundo através de um sistema típico de entradas e saídas
de fluxos, correspondendo o sinal “+” a uma entrada de fluxo financeiro e o
sinal “–” a uma saída de fluxo financeiro. Assim, por exemplo, a uma
exportação é atribuído um sinal positivo, enquanto a uma importação é
atribuído um sinal negativo. Como é natural, quando as exportações não
cobrem as importações, somos confrontados com um défice, correspondendo a um sinal negativo do saldo entre exportações e importações.
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Segundo o “Relatório do Banco de Portugal 1997”, a estimativa da Balança de Pagamentos para 1997 é, em termos de saldos, a seguinte (em milhões de contos): |
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Globalmente, verificou-se uma diminuição líquida de
disponibilidades de Portugal face ao Resto do Mundo de 69 milhões de contos, já
que a variação das reservas é simétrica do conjunto de todos os saldos que,
assim, foi negativo. É de registar o valor positivo da Balança de
Capitais não Oficiais que quase compensa o crónico défice da
Balança de Transacções Correntes
. Saliência ainda para o facto de neste ano de 1997 ter havido um grande equilíbrio
entre o investimento directo português líquido no Resto do Mundo e o
investimento directo estrangeiro líquido em Portugal. |
Sinteticamente, há que salientar que as duas primeiras
abordagens, que têm algo de complementar, estão dirigidas fundamentalmente à
Balança de Bens e Serviços (em boa verdade, ainda mais especificamente à Balança de
Mercadorias, dada a natureza dos serviços e a época em que essas abordagens
foram desenvolvidas), enquanto a última se centra verdadeiramente no conjunto
de toda a Balança de Pagamentos
, pois, ao contrário das outras duas, põe forte ênfase nos seus aspectos
monetários. Assim, a primeira abordagem, tendo em atenção a possibilidade de alterar os preços relativos dos bens e serviços domésticos através da alteração da taxa de câmbio , propõe a melhoria da situação de uma Balança em crise, através da desvalorização da moeda que torna os seus produtos mais baratos e, portanto, mais “competitivos” no mercado mundial. É óbvio que o “remédio” apresentado está longe de ser garantia de “cura” certa, já que a evolução das receitas adicionais esperadas por essa decisão de desvalorização dependem muito das elasticidades já referidas, não sendo por acaso que a evidência empírica em relação aos efeitos das desvalorizações não mostra qualquer padrão consistente. Do que não parece haver dúvidas é que os efeitos imediatos sobre a Balança podem ser muito significativos se o volume de contratos prévio à desvalorização for elevado. É que esses contratos foram feitos com base no valor da moeda previamente à desvalorização e, quando se concretizarem os pagamentos, as variações supervenientes vão depender decisivamente da moedas em que os contratos foram assinados, podendo, portanto, repercutir-se positiva ou negativamente sobre a Balança. Estes efeitos são frequentemente esquecidos, porque o que se espera da desvalorização são os efeitos positivos após os ajustamentos dos preços domésticos e dos estrangeiros à desvalorização. Só que são exactamente estes efeitos que dependem crucialmente das elasticidades já referidas. Este conjunto de efeitos esperados da desvalorização é conhecido pelo efeito da curva em J, que descreve a evolução esperada ao longo do tempo, evidenciando inicialmente um decréscimo na Balança, devido à inflexibilidade das elasticidades no curto prazo, e uma melhoria sensível posteriormente, com as adaptações à desvalorização concretizadas. Como já referimos, a segunda abordagem é de algum modo
complementar da primeira. Efectivamente, admitamos que se confirmam as
expectativas positivas geradas por uma desvalorização
. Isso significará um aumento de exportações e uma diminuição de importações,
com o consequente estímulo ao aumento da produção doméstica de bens e serviços.
Mas estará o aparelho produtivo doméstico em condições de responder
a este desafio? É óbvio, de novo, que esta abordagem ignora em
absoluto o papel dos fluxos de capital (que alteram a dotação doméstica de recursos), ao contrário
do que sucede com a terceira abordagem – a
monetária – ao problema da Balança.
Como é
evidente, esta é uma abordagem
rigorosamente monetarista, que defende que os
desequilíbrios da Balança de Pagamentos são
no fundamental um fenómeno monetário, daí decorrendo propostas de políticas
de correcção radicalmente fundadas em movimentos ou em decisões do exclusivo
foro monetário, como aliás é bem visível na descrição dos mecanismos de
ajustamento. Há, pois, uma completa ausência do papel das trocas de bens e
serviços (“a economia real” por oposição à “economia monetária”) nestes
mecanismos de ajustamento, ausência essa que decorre da
hipótese fundamental desta abordagem: a de uma procura estabilizada de moeda.
Isto é, admite-se que a relação entre a procura de moeda, o rendimento e os
preços não mudam significativamente ao longo do tempo. |
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Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999 Edição e Produção Editorial: Principia. Execução Técnica: Cast, Lda. |