2.4 |
Interacções |
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Relações internas: comparação de modelos organizacionais
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Relações com o exterior |
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A figura 2.1 mostra que existem muitas ligações importantes com o exterior da empresa. Já foi afirmado repetidamente que estas ligações se vêm tornando fundamentais para o sucesso empresarial, mas em particular para uma gestão eficaz da inovação. |
Em primeiro lugar, a inovação é virada para o mercado, o que significa que a relação entre a empresa e o mercado é uma pedra basilar dos sistemas de inovação. |
Para executar os seus trabalhos de inovação, várias outras ligações são importantes: o sistema científico-tecnológico pode ser possuidor de novas soluções, eficazes e rentáveis; o seu conhecimento, adaptação e implementação podem necessitar de consultadoria externa; a sua materialização pode implicar financiamentos externos, etc. |
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Há duas ligações sobre as quais vale a pena reflectir em particular: com empresas concorrentes e com empresas parceiras. |
As empresas concorrentes delimitam fortemente o ambiente do mercado: exercem pressão no preço, na imagem e na necessidade de inovação da nossa empresa através da sua própria actividade de inovação. As ideias da concorrência são importantes pontos de referência do nosso próprio sistema de inovação. Um conceito de crescente importância é o denominado benchmarking. Segundo este conceito, procuramos e analisamos as melhores práticas (os casos de maior sucesso) que utilizamos depois como modelos. Este conceito é muito mais abrangente que o universo das empresas concorrentes: procuramos o benchmarking mesmo em empresas de sectores diferentes, mas que desenvolveram soluções organizativas, tecnológicas ou estratégicas que pensamos poderem ser aplicáveis ao nosso caso. (Este assunto é tratado em pormenor no manual “Inovação e Qualidade” desta série.) |
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O conceito de parceria empresarial tem duas vertentes: horizontal e vertical. Designamos por parcerias horizontais as existentes entre empresas com um tipo de actividade semelhante que se associam para determinado fim, como por exemplo: |
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· aumentar a capacidade produtiva global, de modo a ganhar contratos de grande dimensão, capacidade negocial com compradores, poder de lobbying, ou a facilitar a resolução de problemas comuns; |
· diversificar o portfolio de produtos, com base no princípio de que cada produto é mais valioso como parte de um conjunto que não poderia ser tão diversificado se feito por uma só empresa. Deste modo, cada elemento da parceria pode especializar-se em determinado tipo de produtos e diminuir a sua diversificação individual. |
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Estes dois objectivos são típicos de empresas de pequena-média dimensão que procuram bater-se com as vantagens de escala das grandes empresas. No entanto, os mercados mundiais têm mostrado que esta abordagem é actualmente muito popular mesmo entre empresas de grande dimensão, como resultado de estratégias de internacionalização (ver os manuais Inovação e Desenvolvimento Internacional da Empresa e Marketing Internacional desta série). A constituição de parcerias deste tipo transforma empresas concorrentes em parceiras, requerendo por isso um elevado nível de confiança mútua para poder ser utilizado na sua plenitude. Frequentemente, este tipo de associações é um primeiro passo na direcção da fusão. |
As parcerias verticais envolvem a criação de uma fileira, que pode ir desde a produção primária até à distribuição. Em certos mercados complexos, como o alimentar, verifica-se uma tendência na Europa para passar de uma situação de competição entre empresas para uma situação de competição entre cadeias. Recomenda-se a leitura do estudo sobre este assunto da FIPA, Federação das Indústrias Portuguesas Alimentares (1998). |
Este esquema pode ser vantajoso para pequenas e médias empresas que participem em parcerias orientadas por cadeias de distribuição: em troca de produzir exclusivamente de acordo com as especificações da distribuição, as empresas vêem diminuídos os seus custos de comercialização. Um problema fundamental a resolver na operacionalidade destas parcerias é a distribuição do valor acrescentado ao longo da cadeia: deve ser entendida como lógica e atractiva por todos os elementos. Portanto, este não é o caso dos produtos de marca-branca ou marca-distribuidor das grandes cadeias de distribuição, uma vez que o seu valor é controlado pelas estratégias comerciais dessas empresas, sendo o valor acrescentado distribuído a montante reduzido a expressões mínimas. Para se poder distribuir valor, é necessário que este exista, pelo que é evidentemente mais apropriado conceptualizar parcerias para a obtenção de produtos inovadores, de maior valor acrescentado, que competem no mercado pela sua conveniência, qualidade e facilidade de utilização e não pelo preço. Estes produtos terão de interessar as empresas de distribuição pela sua capacidade de atrair consumidores às suas lojas, em detrimento de lojas concorrentes que deles não disponham, ou que não ofereçam ao consumidor as mesmas garantias de qualidade. Um caso particular, que se está a revelar importante na área das agro-indústrias e produtos biológicos na Europa em geral, é o da garantia de origem das matérias-primas e das suas formas de crescimento (alimentação dos animais, utilização de engenharia genética, de hormonas, etc.). No entanto, o desenvolvimento de cadeias cujo objectivo é minimizar os custos (e portanto, eventualmente, o preço final no consumidor) é também um assunto de grande actualidade. |
Para além de permitir rentabilizar a inovação, as parcerias verticais são em si mesmas uma importante área de inovação. O desenvolvimento de uma logística integrada, com partilha interactiva de informação (utilizando, por exemplo, sistemas de permuta electrónica de dados – EDI, do inglês electronic data interchange), permite operacionalizar a cadeia em condições de máxima eficiência, minimizando custos de armazenamento e transporte e tempo de resposta a novas solicitações do consumidor. Na generalidade dos países europeus foram criadas estruturas e/ou programas de apoio ao desenvolvimento deste tipo de parcerias, por vezes sob a égide do conceito de ECR (do inglês efficient consumer response – resposta eficiente ao consumidor) com base no qual funcionam comissões nacionais. No entanto, em Portugal não foram ainda dados passos concretos nesse sentido, sendo as parcerias verticais resultado de acções individuais e carecendo ainda de um enquadramento global que facilite a sua maior divulgação. |
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Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999 Edição e Produção Editorial: Principia. Execução Técnica: Cast, Lda. |