• Evidenciar as culturas nacionais como factor distintivo da gestão internacional.

  • Compreender a tensão entre a globalização e a preservação das culturas nacionais.

  • Interiorizar os aspectos culturais que mais influenciam a gestão da empresa, identificando elementos comuns e elementos diferenciadores.

  • Colocar as empresas portuguesas com a sua cultura específica face às culturas com que podem contactar no seu processo de internacionalização.

  • Discutir as eventuais tendências da criação de uma cultura europeia de gestão que influencie as empresas portuguesas.

  • Tomar contacto com as implicações culturais que resultam do alargamento aos países do Centro e Leste Europeu.

  • Abrir horizontes sobre as vertentes culturais que se oferecem à internacionalização das empresas portuguesas fora da Europa.

Se há algum motivo para um estudo específico da "gestão internacional", ele é, de certeza, a variedade cultural que distingue as diversas "nações", admitindo-se implicitamente que essa variedade apela a diferenciadas formas de gestão.
No limite, poderíamos mesmo dizer que "gerir internacionalmente" é estar atento às culturas que interagem (daí "inter-nacional") e tirar de todas e de cada uma as capacidades que oferecem, respeitando do mesmo passo os seus limites.
Isto significa que, aparte técnicas processuais de gestão - que não constituem objecto específico da lógica "internacional" mas apenas do domínio genérico da gestão - estudar e promover a gestão internacional é, antes de tudo se não mesmo "no fim de tudo", aprender a gerir em ambientes culturais diversificados, conciliando-os na medida do possível e do desejável.
Por isso mesmo, há manuais de gestão internacional (ver, por exemplo, Richard Meade, 1998) que centram toda a sua abordagem, a nosso ver muito bem, no problema cultural.
Poderá parecer pela leitura inicial do índice deste pequeno manual que nos afastamos dessa perspectiva, confinando a "cultura" a um mero subcapítulo, como se a pretendêssemos lançar num gueto, sem que pudéssemos ser acusados de não abordar assunto tão candente.
Mas não é essa, verdadeiramente, a nossa opção. Se neste ponto apenas lançaremos a base de discussão do peso da "cultura" na gestão internacional, é porque ela vai repassar transversalmente todos os aspectos desenvolvidos no manual, plasmando as diversas vertentes da gestão que se estrutura e desenvolve num ambiente que extravasa um país.
Por isso, este terceiro capítulo estrutura-se em torno de uma concisa discussão dos problemas levantados à gestão pelas diferentes culturas nacionais, mas tendo sempre presente que estamos a escrevê-lo em Portugal, nos finais de 1999. Isso implica, a nosso ver, que se foquem com prioridade aquelas culturas que, por opção política assumida, interagem ou interagirão connosco no futuro próximo - os países da União Europeia, actual e futura.
A nossa tradição histórica e as perspectivas que tem aberto à nossa internacionalização ficariam, no entanto, insuficientemente descritas se esquecêssemos todas as outras "culturas" com quem fomos contactando no Mundo e com as quais trocámos não irrelevantes elementos de "aculturação".

© Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999
Edição e Produção Editorial: Principia.    Execução Técnica: Cast, Lda.