Os termos "Inovação" e "Internacionalização" deixaram, nos dias de hoje, de se circunscrever a estratégias empresariais associadas a grandes empresas ou a sectores tecnologicamente mais avançados. Ao invés disso, impõem-se cada vez mais como forças a que a generalidade das empresas não escapa, porque nelas participa activamente ou porque delas sente os efeitos.
Diversos fenómenos a que vimos assistindo alteraram radicalmente as condições de produção e disseminação da inovação e entre eles estão, sem dúvida, todos os desafios decorrentes da generalização dos mercados, da nova competição internacional e da crescente internacionalização empresarial.
É neste contexto de estreita interligação que Inovação e Internacionalização deverão ser encaradas pelo conjunto dos agentes económicos. É igualmente nesse contexto que deve ser entendida a presente obra, fruto da reflexão conjunta dos autores que participaram na colecção e do debate vivo que se gerou a partir de quatro temas orientadores. 
Vemos aqui confluir um conjunto de questões abordadas ao longo dos trabalhos individuais, numa perspectiva integrada que lhes confere um sentido mais englobante e mesmo, por vezes, mais profundo. (…)

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Inovação e crescimento económico
Naturalmente que todas as nossas discussões vão tocar nesta questão da criação de valor, porque esse é o objectivo final das organizações. Por isso, antes de mais, há que aprofundar as formas de medir o impacte da inovação na capacidade de criar valor.
É muito difícil gerir algo que não se consegue medir. Provavelmente, o impacte da inovação no valor não se consegue medir lendo simplesmente preços e quantidades. Daí a necessidade de reflectir sobre as
métricas que permitam avaliar os efeitos da inovação enquanto capacidade diferenciadora.


A Inovação como factor crítico de sucesso 
Este segundo ponto é claro: ser diferente não significa necessariamente ser capaz de criar valor. Para que tal aconteça, é necessário que a inovação se constitua como
vantagem competitiva. Por isso, é importante discutir condições em que a inovação se transforma numa vantagem competitiva que permita às empresas consubstanciar, de facto, a sua capacidade diferenciadora em valor.


A globalização enquanto causa e consequência da inovação e da internacionalização
Ao passarmos de uma capacidade diferenciadora para uma vantagem competitiva, o ponto de destaque é inevitavelmente o mercado: uma vantagem competitiva é uma capacidade diferenciadora aplicada num mercado específico, num conjunto de produtos bem definidos.
A partir daqui, é fácil compreender os passos seguintes. Quando as empresas possuem vantagens competitivas resultantes da sua capacidade inovadora, tentam maximizar os benefícios que delas extraem e tendem a alargar o seu mercado. A
internacionalização das operações, de que a globalização representa uma forma avançada, é um dos mecanismos mais comuns de se prosseguir nessa optimização da capacidade criada pela inovação e de a transformar numa vantagem competitiva em mercados cada vez mais alargados.


Flexibilidade estratégica e virtualização das organizações
Finalmente, teremos inevitavelmente de passar pela questão da
arquitectura interna e externa das organizações, porque, perante uma mesma inovação ou oportunidade de inovação, nem todas as empresas têm idêntica capacidade de a transformar em vantagem competitiva aplicada num mercado específico.
É importante saber como é possível transferir inovação gerada num ponto de uma organização para outras actividades dentro da mesma organização. Ou, ainda, como é que a empresa, confrontada com a oportunidade de inovar, consegue desencadear um conjunto de contratos com clientes, com fornecedores, com trabalhadores ou com outras empresas, que lhe permita, de facto, aplicar com sucesso a inovação no mercado e sustentar a sua capacidade de extrair valor desse mercado ao longo do tempo.
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© Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999
Edição e Produção Editorial: Principia.    Execução Técnica: Cast, Lda.