A ciência e a tecnologia têm-se desenvolvido a um ritmo impressionante durante a década dos anos noventa, abrindo portas para possibilidades em muitos campos que anteriormente não se poderiam imaginar. Esta é, sem dúvida, a idade em que a prosperidade económica está ligada ao “conhecimento”.

A empresa do futuro terá que possuir um nível científico e tecnológico avançado dentro da sua área de especialização. Esta será uma condição necessária mas não suficiente. Para assegurar uma posição de liderança, a empresa do futuro terá igualmente que assegurar uma actividade elevada de inovação, através da qual novos produtos e novos processos sejam criados a um ritmo que permita mantê-la à frente das suas competidoras.

Neste módulo sobre “Inovação e Novas Tecnologias” são revistos os progressos obtidos recentemente nos vários domínios das novas tecnologias, particularmente no que respeita ao impacto nas empresas e nos seus processos de inovação. São igualmente apresentados exemplos práticos de como várias empresas nos diversos campos tecnológicos têm enfrentado o progresso científico e respondido à competitividade global, de forma a sobreviverem economicamente e a manterem posições de liderança. É ainda perspectivado o enquadramento europeu neste domínio, em comparação com as realidades dos Estados Unidos da América e da Ásia, nomeadamente do Japão.

(…)

(extracto da Introdução)

Nós vivemos num tempo formidável!

Isso transparece, claramente, no texto que o Prof. António Moreira escreveu, ligando a inovação e o desenvolvimento económico.

Ele lê-se com enorme facilidade e entusiasmo, em primeiro lugar porque está bem estruturado; depois, porque a matéria é muito atraente.

O Prof. António Moreira descreve um presente que assenta num passado vivido por muitos de nós. Com algumas excepções, as origens dos desenvolvimentos que ele menciona têm no máximo trinta anos. As referências cronológicas que inclui no texto permitem-nos verificar como o processo tem sido acelerado!

Ele caracteriza a evolução, sucessivamente, das tecnologias de informação, da biotecnologia, das ciências da saúde e dos novos materiais. Termina o trabalho reflectindo sobre as ligações entre a investigação e o desenvolvimento, naturalmente com muita informação sobre os Estados Unidos, país onde trabalha, não deixando, contudo, de estabelecer comparações com o Japão e a Europa.

O texto contém muita informação actual. Sem esforço, fica-se com uma panorâmica muito útil acerca dos sectores onde estão a ocorrer os desenvolvimentos mais expressivos. Todos os capítulos são, aliás, complementados com referências bibliográficas, na sua grande maioria de origem norte-americana; poder-se-á, assim, aprofundar o estudo.

O livro parece-me de interesse para um público variado e vasto: estudantes, empresários, políticos, académicos que queiram ver o que se passa noutros sectores que não os da sua especialidade, responsáveis da administração pública e autoridades universitárias. Para todos, ele será relevante.

Se me é permitido um reparo, ele respeita à dimensão ética das inovações descritas e das tendências de evolução apontadas. Isso respeita, particularmente, à biotecnologia e às ciências da saúde. Neste domínios, os progressos científicos e tecnológicos têm de ser muito temperados por reflexões acerca do Homem, do Bem e do Mal. Não é conveniente deixarmo-nos embalar pelas possibilidades da Ciência, sem explicitarmos os limites dessa natureza que têm de as condicionar.

Particularmente interessantes, para os jovens à procura de uma profissão para a qual tenham vocação e para as autoridades que nisso superintendem, são as notas que o Autor inclui relativamente aos domínios em que há carências de mão-de-obra especializada manifestas. Elas representam, também, oportunidades com sucesso assegurado. É bom que muitos tenham disso conhecimento.

A propósito de uma das áreas tratadas, o Prof. António Moreira aponta alguns dos factores que garantem o sucesso do processo de inovação. Selecciono três para o meu sublinhado: (a) a existência de investigadores competentes; (b) a existência de universidades e laboratórios de excelência ligados em rede; e (c) a presença de uma cultura empreendedora que valoriza a acção, o espírito interrogativo e o sentido de risco. Não posso estar mais de acordo.

 

Luís Valente de Oliveira

Vice-Presidente da AEP

 

© Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999
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