5.1
A ENVOLVENTE EXTERNA
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Tradicionalmente, as organizações estão estruturadas num conjunto de departamentos cujas funções se encontram claramente divididas, embora exista um determinado nível de ligação entre eles. Neste modelo, cada departamento, dentro de uma hierarquia bem definida e predominantemente vertical, procura minimizar os seus custos e aumentar a sua produtividade de uma forma autónoma.
Actualmente, as funções e as relações entre os elementos das organizações alteraram-se ou tendem a alterar-se como reflexo de um conjunto de novos factores de mudança externos (figura 5.1) à empresa, que obrigam as organizações a criar novos mecanismos de resposta rápida, de modo a assegurar o seu sucesso.

Fig. 5.1 - Factores de mudança externos. Fonte: Albert Viscio e Bruce Pasternack, 1996 (adaptado).
Entre os principais factores de mudança externos encontram-se:
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a facilidade de acesso à informação;
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a globalização dos mercados;
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o aumento da competição;
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o aumento das restrições legais;
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a evolução das necessidades dos clientes;
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a evolução da estrutura empresarial;
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a inovação tecnológica;
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o acesso aos mercados de capitais.
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5.1.1 A FACILIDADE DE ACESSO À
INFORMAÇÃO
Actualmente, o acesso à informação da mais diversa natureza encontra-se bastante facilitado, fruto de uma proliferação crescente de novas fontes de informação. Os serviços de informação
on-line, através da Internet, são um exemplo da inovação que se verifica neste domínio. A identificação das melhores fontes de informação na área de actividade de uma organização e a sua adequada exploração é um elemento essencial para assegurar e reforçar a sua competitividade no mercado em que se encontra inserido.
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5.1.2 A GLOBALIZAÇÃO
DOS MERCADOS
A globalização dos mercados é uma tendência que se tem vindo a acentuar nas últimas décadas. Portugal foi um país que até 1974, em resultado do regime político existente, esteve voltado para si próprio. Com a entrada em 1985 para a Comunidade Económica Europeia, passou a estar inserido num espaço económico mais amplo em que as restrições ao comércio entre os Estados membros eram menores e foram sendo progressivamente eliminadas. Esta abertura do mercado nacional traduziu-se numa primeira fase pela entrada de produtos não nacionais e de empresas com capital estrangeiro, o que conduziu internamente a um aumento da pressão competitiva sobre as empresas.
A internacionalização de empresas nacionais tem sido um processo bastante mais lento, assistindo-se apenas nos últimos anos a um crescimento significativo do investimento português no estrangeiro.
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5.1.3 O AUMENTO DA COMPETIÇÃO
A entrada de concorrentes externos foi uma das razões do aumento da competição no mercado nacional, o que obrigou as empresas portuguesas a adaptarem-se, a encontrarem formas de minimizar os seus custos de produção e a aumentarem a produtividade, num processo de aproximação progressiva aos níveis médios da União Europeia. As empresas que mais rapidamente se conseguiram adaptar reforçaram a sua posição no mercado (e.g. a
Compal
no segmento dos sumos de fruta e néctares), enquanto que aquelas que foram mais lentas ou não conseguiram evoluir viram a sua quota de mercado reduzir-se ou encerraram mesmo a actividade (e.g. a
UMM
- jipes).
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5.1.4 O AUMENTO DAS RESTRIÇÕES
LEGAIS
O Estado no seu papel regulamentador introduz com frequência nova legislação e novas normas que condicionam a actividade das organizações. A necessidade de cumprimento da legislação ambiental é um exemplo de uma restrição legal que obrigou muitas empresas a alterar os seus processos e procedimentos, exigindo muitas vezes investimentos significativos. Outros exemplos de restrições legais de natureza diversa que condicionam a actividade das organizações são:
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as restrições aos horários de funcionamento das grandes superfícies;
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as normas técnicas de produto;
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a redução do horário de trabalho.
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5.1.5 A EVOLUÇÃO DAS NECESSIDADES DOS
CLIENTES
As necessidades dos clientes encontram-se em permanente evolução. Esta evolução poderá tornar rapidamente obsoleto um produto ou serviço relativamente recente. A capacidade de avaliar o modo como os seus produtos respondem, em cada instante, às necessidades e às expectativas dos clientes é um factor que pode condicionar de forma decisiva o sucesso de uma organização. A antecipação das novas necessidades através do desenvolvimento de novos produtos e/ou serviços é a forma que as empresas têm de assegurar a sua competitividade em mercados cada vez mais competitivos.
"A nossa função é dar ao cliente aquilo que ele nunca sonhou que queria."
Dewys Lasdon, designer.
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5.1.6 A EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA
EMPRESARIAL
A evolução da estrutura empresarial do sector em que a organização se insere é, nalguns casos, o principal factor de mudança. A banca em Portugal é o exemplo de um sector em que ocorreram profundas mutações. Se tivermos em consideração apenas os últimos quinze anos, assistiu-se numa primeira fase: i) à privatição dos bancos que haviam sido nacionalizados após o 25 de Abril de 1974; ii) ao aparecimento de novos bancos (e.g.
BCP
, BPI ), que assumiram posição de destaque no sector ; e iii) à entrada de bancos estrangeiros (e.g.
Santander
, Barclays , BBV ). Numa segunda fase, concretizou-se um conjunto de aquisições de instituições bancárias por outras (e.g. o
BPA
pelo BCP, o BBI e o BFB pelo BPI), num processo centrado essencialmente numa visão de mercado nacional. Com as recentes fusões entre bancos à escala mundial (e.g. Santander e
Banco Central Hispano
, em Espanha), o sector bancário nacional encontra-se perante um novo factor externo de mudança que determinará as estratégias de desenvolvimento futuro. As alianças estratégicas com bancos estrangeiros e a concentração do sector bancário nacional, nomeadamente a fusão de algumas das instituições bancárias mais fortes, poderão ser realidades a curto prazo.
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5.1.7 A INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA
A inovação tecnológica é um factor de mudança e esta é tanto mais importante quanto mais rápida for a inovação tecnológica no sector. A informática e a electrónica são sectores onde o processo de inovação tecnológica é bastante acelerado, tornando-se imprescindível o acesso permanente a informação actualizada sobre os desenvolvimentos que vão surgindo.
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5.1.8 O ACESSO AOS MERCADOS DE
CAPITAIS
Os mercados de capitais constituem hoje uma forma de as empresas acederem mais facilmente ao capital que lhes permita satisfazer as suas necessidades de um modo mais eficiente. A cotação de uma empresa em bolsa representa igualmente um estímulo adicional para a melhoria do desempenho da organização, dada a existência de expectativas por parte dos accionistas face aos resultados.
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