|
Antes de
avançarmos, de forma mais pormenorizada, para uma exposição dos contornos de
interacção entre Inovação e Qualidade, "árvore a árvore",
importa salientar desde já, de modo geral e numa perspectiva de "floresta",
algumas das manchas de sobreposição entre estes dois domínios. Em particular, a
presença da Inovação no universo da Qualidade torna-se progressivamente mais visível: |
|
Como já tivemos
oportunidade de referir, na grande linha de força da melhoria, é cada vez mais evidente
e pacífico que os esforços de progresso através de pequenos passos podem e devem ser
complementados com saltos quânticos, de progresso assente em grandes passos, aproximando,
portanto, da Inovação a perspectiva de melhoria contínua adoptada em Gestão pela
Qualidade.
|
|
Ao mesmo tempo,
as técnicas e ferramentas que fazem parte dos arsenais geralmente associados às lutas da
Qualidade têm vindo a progredir no sentido de um enriquecimento especialmente relevante
no que diz respeito à prática da Inovação. Depois de uma geração de
técnicas básicas, e outra de metodologias de planeamento, nos finais dos anos 90 estão
a surgir diversas novas metodologias na área da Qualidade, com grande sucesso. São de
índole essencialmente criativa e visam estimular a aprendizagem por via dos grandes
passos no seio das organizações, devendo talvez ser destacada neste contexto, pela sua
natureza e popularidade alcançada, a Teoria de Resolução de Problemas Inventivos (TRIZ)
, de que falaremos brevemente no capítulo 4.
|
|
Outro domínio
onde a interligação entre Inovação e Qualidade se afigura evidente é aquele que se
prende com a aplicação de metodologias próprias (Desdobramento da Função Qualidade
, Engenharia de Conceitos, AMFE
) de concepção e planeamento da Qualidade
no desenvolvimento de novos produtos ou serviços, centrando com isso a Inovação em
torno das vozes e necessidades dos clientes.
|
|
Em Outubro de
1998, foi assinada em Paris a Carta Europeia da Qualidade, na qual a integração e
importância da Inovação no contexto de uma Política da Qualidade se encontra bem
patente e de forma explícita quando se afirma que "a Qualidade é uma indiscutível
medida de eficiência (a não qualidade resulta num gasto estimado em centenas de biliões
de Euros por ano). Através da redução de custos, do estímulo à imaginação das
pessoas, promovendo a Inovação, renovando a organização e encorajando a iniciativa, a
Qualidade torna-se a força motriz da competitividade e, por consequência, do
emprego."
|
|
Nos diferentes
seminários, organizações, congressos e publicações no domínio da Qualidade,
assiste-se a uma presença regular e importante de estudos e comunicações nas áreas da
inovação, criatividade, gestão da investigação, etc.
|
|
O modelo de
excelência desenvolvido pela European Foundation for Quality Management
(EFQM)
é
reconhecidamente um óptimo guia de orientação para a Gestão pela Qualidade Total. Nele
se apontam boas práticas disponíveis que facilitam a avaliação de uma organização
face às mesmas. É este o modelo que serve de orientação à grande maioria das melhores
empresas europeias no domínio da qualidade, e é por ele que se rege a atribuição do
Prémio Europeu da Qualidade (em Portugal, do equivalente PEX-Prémio de Excelência). A
nova versão do modelo (disponível desde Abril de 1999) contempla na sua estrutura
aspectos estreitamente ligados à Inovação, evidenciando a ideia de que esta é uma das
áreas que está a ser alvo de um maior reforço, e exprimindo de forma ainda mais clara a
importância da Inovação num contexto de Gestão pela Qualidade Total, como veremos mais
adiante.
|