3.1 |
ADAM SMITH E AS VANTAGENS ABSOLUTAS |
Todas as contribuições relevantes de Adam Smith para o
desenvolvimento da teoria económica apontam para o seu papel seminal na defesa
dos méritos do comércio internacional. Desde a crítica aos mercantilistas que incentivavam as
exportações, mas tentavam impedir as importações (esquecendo que, a nível de um sistema fechado, como
é o mundo, sem extra-terrestres para comprar e não vender, a soma das exportações
tem que igualar a das importações porque ambas são faces de uma mesma
“moeda” – uma operação de compra/venda), até aos seus bem conhecidos
lemas, laisser faire, laisser
passer, passando pela proposta de especialização
do trabalho, tudo indica, de facto, a sua intuição das vantagens de um comércio
aberto. |
1ª
hipótese 2ª
hipótese |
Nas figuras 3.1 e 3.2 apresentam-se dois
tipos
diferentes de fronteiras de possibilidades de produção, sendo os pontos A, B,
C e D exemplos de combinações possíveis, posto que C e D não respeitem a hipótese
1ª se forem considerados como alternativas de consumo. |
Custo de oportunidade é a designação desse sacrifício, isto é, a quantidade de um bem de que tem de se abdicar para produzir mais uma unidade de outro bem. |
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Então,
o que distingue as duas fronteiras é o valor do custo de
oportunidade : na figura 3.1 o custo de oportunidade é variável e
crescente, enquanto na figura 3.2 é constante. Por facilidade de
exposição, e salvo indicação em contrário, daqui em diante
utilizaremos a hipótese de custos de oportunidade constantes, conquanto
seja, obviamente, mais restritiva. | |
FIG.
3.1
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FIG. 3.2 |
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3ª
hipótese 4ª
hipótese Este conjunto de hipóteses, associado a uma outra que
visa descrever as características da procura, imprescindíveis para a definição
do ponto de equilíbrio de produção e afectação de recursos de uma
sociedade, permite-nos estabelecer o que se passa na ausência de liberdade de
comércio, isto é, em autarcia. 5ª hipótese 6ª
hipótese 7ª
hipótese |
Número de trabalhadores necessários para a produção de uma unidade de cada bem, em cada país. |
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A leitura do quadro revela de imediato uma
vantagem absoluta da Tecnolândia na produção de
Vestuário, já que usa menor quantidade de factor de produção (neste caso o
trabalho) para obter a mesma quantidade de produto. E, dadas as hipóteses
formuladas, o custo dessa quantidade de produção é também menor, revelando
maior eficiência. A situação altera-se se considerarmos a produção do Pão,
uma vez que aí a vantagem é da Artelândia. |
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Note-se, antes de mais, como estamos no puro campo da
Economia Internacional clássica, em que os “agentes” económicos relevantes
são os países, supostos homogéneos relativamente a uma dada produção. |
Em situação de comércio livre cada país deve concentrar-se na produção dos bens em que tem vantagens absolutas. |
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Estes resultados apenas mostram a potencialidade de
melhoria da situação inicial, mas não garantem que ela se concretize. No
entanto, o mecanismo de mercado e as hipótese formuladas garantem essa melhoria
por acção racional dos consumidores. |
©
Sociedade Portuguesa de Inovação, 1999 Edição e Produção Editorial: Principia. Execução Técnica: Cast, Lda. |