Nos capítulos precedentes e na mais acabada tradição da Economia Internacional tratámos fundamentalmente da chamada
economia real em que os fluxos internacionais são exclusivamente os factores de produção e os bens e serviços.
Contudo, esses movimentos, como aliás todas as transacções económicas nos diversos mercados domésticos, impõem a utilização de
moeda, inicialmente como padrão de medida, hoje, clara e crescentemente, como activo independente, e suscitam o problema do
financiamento que decorre da separabilidade temporal entre a aplicação dos factores e dos produtos e a sua remuneração.
A diferença essencial entre as transacções domésticas e as internacionais é que estas exigem conversões monetárias, elas mesmas constitutivas de transacções independentes, e levantam problemas de créditos e débitos entre os países. A primeira das consequências conduz-nos ao estudo das
taxas de câmbio e de todas as suas implicações na estruturação das trocas internacionais. A segunda, ao estabelecimento das
Balanças de Pagamentos que descrevem todas as transacções de um país com o Resto do Mundo, sejam elas reais, financeiras ou monetárias.
É em torno destes dois assuntos que giram afinal todos os problemas relativos aos aspectos internacionais da
economia monetária e dos financiamentos. Daí a necessidade de uma abordagem quer das diversas
zonas monetárias, quer da Banca crescentemente internacionalizada. As primeiras estabelecem as "regras" de evolução das paridades das moedas, bem como as suas mútuas vinculações, enquanto o estudo da segunda ajuda a compreender os mecanismos do financiamento internacional, com particular acuidade para a sua evolução recente proporcionada (ou imposta?) pelas novas
tecnologias e sistemas de
informação e pela mundialização da economia.
Atendendo à integração crescente da economia de cada país no mercado mundial, o estudo das características macroeconómicas reclama a incorporação destes novos aspectos e dos fluxos de troca que lhes estão subjacentes. Daqui decorre uma nova visão da macroeconomia, em que assume relevo a interdependência internacional e a relativa falta de autonomia de decisão e de controlo das variáveis macroeconómicas mais significativas, falta tanto mais sensível quanto menor a dimensão da economia do país, maior a sua abertura à integração no mercado mundial e a sua pertença a uma zona económica e monetária de regras de grande vinculação, como é manifestamente o caso de Portugal.
|